As centrais sindicais reunidas nesta quinta-feira (14) confirmaram a orientação pela paralisação nacional caso a proposta de reforma da Previdência do governo entre na pauta de votação da Câmara dos Deputados. O setor de transporte também reafirmou a decisão de parar no dia 19 de dezembro. Rodoviários, condutores e metroviários de São Paulo mantém disposição para a greve. Nesta quinta, esta última categoria realiza assembleia.
Por Railídia Carvalho
A afirmação (desmentida pelo Planalto) de que a reforma ficará para fevereiro do ano que vem, feita nesta quarta-feira (13) pelo líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), foi recebida com cautela pelo movimento sindical. “Mostra que o governo está com dificuldade para colocar a reforma em votação para a semana que vem mas as centrais, corretamente, não botaram o pé no freio e reafirmaram a decisão de manter a paralisação. É uma pressão que deve continuar até que se encerrem as atividades na Câmara”, avaliou o diretor dos metroviários, Wagner Fajardo.
Para o êxito da paralisação, Fajardo considera estratégica a unidade dos transportes, especialmente a categoria em São Paulo. “Nós temos vantagens por sermos uma categoria com poder de fogo maior e temos a responsabilidade de contribuir para que a greve geral e a paralisação saia redonda. A disposição dos metroviários de parar no dia 19 também ajuda outras categorias a paralisarem”, afirmou.
“Temer é sinônimo de deterioração moral e política”
O dirigente chamou de “balcão de propina e de corrupção” a estratégia do governo de Michel Temer para conseguir os 308 votos necessários na Câmara. Para aprovar na Casa a proposta da reforma é necessário aprovar o texto em duas sessões pelo mínimo de 308 votos favoráveis. “São perto de 30 anos no sindicalismo e digo o seguinte: O Brasil nunca assistiu uma situação de deterioração moral e deterioração política e de ataque aos direitos dos trabalhadores como estamos assistindo nesse período logo após o golpe”, ressaltou Fajardo.
Na opinião dele, o período de gestão de Michel Temer que é de pouco mais de um ano, corresponde a um retrocesso de pelo menos 50 anos na luta dos trabalhadores. Segundo o sindicalista, a compra de votos explícita conta com o silêncio da grande mídia. “O governo recebe blindagem. O movimento sindical é silenciado. Anunciamos a greve para o dia 19, organizamos atos e protestos e nada disso é noticiado pela grande mídia”, comentou Fajardo.
Para ele, o desafio do movimento sindical é fazer o contraponto ao que é publicado na mídia sobre a reforma da Previdência. “O trabalhador recebe muita contrainformação. Entre os metroviários a nossa luta é conscientizar o trabalhador para os prejuízos que essa reforma trará. Mas a impressão que temos é que a categoria está consciente do retrocesso que significará a reforma daí a disposição para a paralisação no dia 19”, finalizou Fajardo.
Confira 20 pontos da reforma de Michel Temer que são escondidas pelo governo e pela grande mídia
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