Do Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek até o Estádio Mané Garrincha, de carro e com o trânsito tranquilo, um motorista demora cerca de 20 minutos. Passando pelo Setor Hoteleiro Sul, o caminho leva mais de meia hora para ser completado. Os turistas que virão para a Copa do Mundo de 2014 precisarão fazer, pelo menos, esses dois caminhos quase diariamente, e os motoristas de ônibus, táxis e carros particulares terão que estar preparados para a demanda. Embora ainda faltem três anos para o torneio, os profissionais que trabalharão com transporte têm muito a aprender: idiomas, pontos turísticos, história do Distrito Federal e o trato com pessoas de outras culturas.
Pensando nessa demanda, o Serviço Social do Transporte e Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Sest/Senat) tem diversos cursos em fase de preparação. O coordenador nacional do programa Transporte na Copa, organizado pelo órgão, Wesley Passaglia, acredita que além da instrução dos profissionais, também é necessário que o turista saiba a quem recorrer. “A ideia é capacitar aproximadamente 500 mil motoristas: taxistas, motoristas de ônibus urbano, de turismo, cobradores, guias de turismo e agentes de locadoras de veículos. Depois de qualificar os profissionais, vamos instruir o turista a procurar essas pessoas”, explica.
Além da formação em inglês e espanhol, motoristas, cobradores e agentes de bordo também aprenderão sobre os pontos turísticos da cidade, para melhor atender os viajantes. Passaglia prevê três níveis de instrução, que serão identificados no crachá de cada profissional, além das cooperativas, empresas e sindicatos. Para o nível bronze, eles realizarão o curso básico: leis de trânsito, direção defensiva, primeiros socorros, meio ambiente e relacionamento interpessoal. Os profissionais de nível prata farão uma qualificação especializada, onde receberão noções de administração de tempo, meio ambiente, cidadania, conversão de moedas estrangeiras e inglês instrumental.
Por fim, no nível ouro, a capacitação será avançada: o aprendizado se baseia em atendimento eficaz, espanhol instrumental, combate à exploração sexual no turismo e capacitação para que a pessoa se torne também um guia turístico. A ideia é que o turista e o empresário saibam como é o profissional que estará atendendo a ele e ao grupo onde ele se insere. Por isso, o esforço de Sest/Senat é dobrado no sentido de levar os profissionais para a sala de aula. “Geralmente o taxista não quer parar o carro para fazer a capacitação. Tem que deixar bem claro para ele que, se não fizer isso, não vai estar pronto para atender aos turistas”, afirma Passaglia. Os cursos, presenciais, terão início a partir do próximo semestre.
Getúlio Oliveira, 51 anos, é motorista particular autônomo e participou dos cursos de formação de condutores do Sest/Senat. Para ele, 2014 é logo ali e a necessidade de começar aulas especializadas para a Copa será determinante para conseguir trabalhos. “A demanda vai ser muito grande. A gente vai precisar fazer cursos de espanhol e inglês, para estar mais preparado”, se preocupa. Além do idioma, a clientela será outra, e os condutores terão que aprender a atender turistas. Para a formação do motorista, ele acredita que o conhecimento histórico da cidade é fundamental. “Tenho minha vida aqui há mais de 30 anos, posso contar histórias como a de Kubitschek e do Collor. Eles perguntam, eu respondo”, brinca.
Mãos à obra
A Sociedade de Transportes Coletivos de Brasília (TCB) inaugurou este ano a linha executiva que leva passageiros do Aeroporto aos setores hoteleiros norte e sul, passando pela Esplanada dos Ministérios. O preço, R$ 8, tem atraído muitas pessoas (na maioria executivos) que chegam e saem de Brasília. Para a implementação do serviço, a diretoria da TCB procurou, entre seus melhores funcionários, aqueles que seriam ideais para o serviço. Receberam aulas não só de operação do veículo, mas de tratamento do cliente e, no caso dos cobradores, têm a instrução expressa de ajudar os passageiros a guardar as malas no bagageiro.
A demanda, no entanto, tende a ficar mais apertada, segundo o diretor presidente do órgão, Carlos Alberto Koch. “Como estamos perto da Copa, temos que nos preparar para atender a todos, independentemente do atual perfil de clientes. Vamos ter que manter a qualidade dos veículos, além de garantir ar-condicionado e televisão, rede wi-fi e acessibilidade a todos os passageiros”, assegura. Além do diferencial do atendimento dos cobradores a bordo do ônibus, os clientes têm a possibilidade de descer em qualquer parada pela qual o veículo passa. Ainda assim, serão necessários novos funcionários para a Copa. “Para um atendimento no mínimo bilíngue, vou ter que buscar novos profissionais no mercado”, explica Koch. Segundo ele, existe previsão de um concurso público para o próximo semestre.
Novo transporte
Com uma visão animadora sobre a formação dos profissionais, o diretor presidente da TCB, Carlos Alberto Koch acredita que o aprendizado dos motoristas não serão aproveitados somente para a Copa do Mundo de 2014. “A qualificação do pessoal, principalmente em uma linha executiva como essa, é sempre permanente”, defende.
Segundo Koch, é preciso realizar ações de marketing para manter a clientela interessada. “O público fica cada vez mais exigente, ainda mais em um evento como a Copa. Temos que brigar para mantê-lo, para ele não preferir pedir táxi ou carona”, explica o diretor presidente. Os planos são inovadores: Koch pretende expandir as linhas para as zonas administrativas do DF, além de criar um aplicativo para smartphones que, via sistema de posicionamento global (GPS, sistema de navegação via satélite), monitora o horário para o passageiro saber quando o ônibus passará no ponto onde está.
Com a mudança de ambiente, o motorista Carlos José Pereira, 41 anos, se sente cada vez mais animado para aprender mais e atender melhor os passageiros da linha executiva. “Estou muito feliz com o trabalho no ônibus executivo. Com esse aspecto do treinamento diferenciado, surgiu a vontade de me tornar um guia improvisado para os clientes. Hoje eu conheço todos os pontos turísticos, consigo falar sobre eles para os passageiros. Só falta aprender inglês”, se alegra. Carlos é um dos motoristas da TCB que será treinado para a Copa. “Estou inscrito para o curso de inglês que a companhia vai organizar. Acho que o conhecimento novo vai ser inigualável para todos os que estão envolvidos. Esse tipo de aprendizado muda a vida do motorista”, comemora.
Mais que qualificar profissionais do trânsito, o projeto do Transporte Urbano do Distrito Federal (DFTrans) visa mudanças operacionais nas linhas de ônibus para que seja possível atender toda a demanda que a Copa do Mundo trará. O diretor-geral do DFTrans, Marco Antônio Campanella, diz que um estudo prévio de como as pessoas vão se locomover durante os jogos ajudará a reprogramar as rotas. “O Estádio Mané Garrincha prevê a capacidade de 70 mil espectadores nas partidas. Como a maioria delas deve ser na capital, a demanda dos transportes coletivos provavelmente vai aumentar. Vamos estudar um novo modelo operacional que vai atender o turista brasileiro e estrangeiro, além dos próprios habitantes de Brasília”, afirma.
Para o torneio, Campanella prevê um aumento na equipe, para melhor atender os torcedores. “Não vai ser necessário apenas cobrador e motorista, mas o monitor de bordo, função que pode até mesmo ser exercida pelo próprio cobrador. Em algumas linhas, vamos precisar de alguém para orientar o estrangeiro, fazer indicações precisas”, explica. Além disso, o DFTrans prevê uma modernização nos terminais e paradas de ônibus, que contarão com o monitoramento eletrônico da frota: implantação de GPS nos locais, para que o passageiro possa se informar da localização e do horário que chega o ônibus desejado. “Aqui sempre tem estrangeiros, turistas, e a tendência é que o número cresça. Com a implantação do sistema de monitoramento eletrônico, poderemos acrescentar informações em pelo menos mais duas línguas”, prevê Campanella. https://credit-n.ru/kreditnye-karty.html https://credit-n.ru/order/zaim-cash-u.html https://credit-n.ru/ipoteka.html