O golpe e seus tentáculos machista, racista, homofóbico e social vitimiza, principalmente, a população negra
A partir de 2002 a população negra pode ouvir a sua própria voz nas diversas políticas que foram implementadas ao longo dos oito anos de governo Lula e pouco mais de cinco de Dilma. Em mais de quinhentos anos, nunca se viu tantos negros na universidade e também no serviço público. A população negra no Brasil representa 54% dos brasileiros. No universo de 100% de brasileiros, apenas 17% de negros estão entre os mais ricos. A população negra representa 73% dos 10% mais pobres do Brasil. Em 2015, a extrema pobreza caiu para 2,8% da população graças aos programas sociais implementados.
Daí conclui-se, que, além das ações afirmativas como o sistema de cotas para ingresso no serviço público e nas universidades, a população negra também se beneficiou dos programas sociais como Bolsa Família, Mais Médicos, Minha Casa Minha Vida, Ciências sem Fronteiras, Fies, Pronatec Aprendiz e Microempreendedores, entre outros. Em outubro de 2014, reportagem do Estadão, baseado em indicadores do Governo Federal à época afirma que das 14 milhões de famílias beneficiárias do Bolsa Família, 73% são de negros e pardos. E 68% delas são chefiadas por mulheres negras, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento Social.
Do conjunto de 22 milhões de pessoas, que, com os programas sociais, conseguiram sair da faixa da extrema pobreza, 78% são negras e pardas. Lançado em junho de 2014, um ano depois 638 negros já haviam ingressado no serviço público através do sistema de cotas. Lembrando que no período dos governos Lula e Dilma foram realizados inúmeros concursos públicos tanto nos governos federal, como estadual e municipal.
Portanto, o golpe que tirou a presidenta Dilma, além de revelar todo o rancor e ódio de uma classe privilegiada, atinge em cheio a população negra. Infelizmente, a imensa maioria não se vê retratada no universo das mazelas do golpe, pois essa população foi diariamente bombardeada por uma mídia colaborativa com a extrema direita, parcial e defensora intransigente do Estado mínimo para que possa se apropriar do que deveria pertencer à população brasileira, o capital.
Tudo agora aponta para graves retrocessos e somente daqui a alguns meses ou anos, a população perceberá que caiu em uma armadilha e foi às ruas junto com a elite assinar sua própria condenação. O retorno à situação de 2002 será extremamente dolorosa, já está sendo. Mas, principalmente para a população negra. Que esse período de retrocesso seja o início da retomada de um grito, não baixinho ou rouco, ou de lamúria e sim um grito como um brado avançando sem pedir licença para ocupar o seu lugar na sociedade, como deve ser.
Temos um longo caminho pela frente, principalmente no combate ao racismo que é muito velado no Brasil, mas com o ódio de classe e raça saindo do armário, temos presenciado inúmeras manifestações de racismo e assim podemos combate-lo mais eficazmente, pois agora conseguimos enxergar o inimigo. Neste mês de novembro, quando comemoramos no dia 20 o dia Nacional da Consciência Negra, dois fatos chamaram a atenção no mundo e no Brasil. Uma prefeita americana afirmou que a primeira dama, Michele Obama, era uma macaca de salto alto. Perdeu o cargo, sendo obrigada a renunciar. E no Brasil um ator global que adotou uma criança negra sofreu ataques de racismo e nestes casos, teve grande repercussão e os agressores serão identificados e punidos. Não resolve o problema, mas soa como um pequeno alento. Com a ascensão do golpista Temer, a maldade racista e homofóbica que se escondia no armário, certamente irá para as ruas com mais frequência para espelhar o reflexo desse governo, desse Congresso Nacional e desse judiciário que é majoritariamente racista, machista e homofóbico. Grandes lutas à frente.
André Luiz da Conceição
Presidente do SINDSER e Secretário de Combate ao Racismo da CUT-DF
Fonte: Sindser https://credit-n.ru/order/zaymyi-dengi-na-dom-leads.html https://credit-n.ru/order/kreditnye-karty-home-credit-card.html https://credit-n.ru/offer/kredit-nalichnymi-sovcombank.html