Luis Nassif Online
Divulgado na sexta-feira passada, o Comunicado 130 do Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas) tenta dissecar as razões do desempenho pífio do PIB em 2011.
Em 2010 o crescimento foi de 7,5% – muito como ajuste, em função do baixo desempenho do ano anterior. Já na passagem do segundo para o terceiro trimestre de 2011, não houve crescimento do PIB, uma forte desaceleração em relação ao trimestre anterior, quando o PIBV havia crescido 0,7%.
O trabalho identifica dois fatores principais: a contínua apreciação da taxa de câmbio; o aperto monetário iniciado em final de 2010 (também responsável pelo efeito câmbio); a política fiscal de 2011 em relação a 2010 (ano eleitoral); o acúmulo de estoques em 2011 e a crise econômica da Europa.
No primeiro trimestre, o PIB foi beneficiado ainda pelo conjunto de medidas de estímulo à economia adotadas em plena crise de 2008. Além disso, prevendo o fim de algumas isenções, houve antecipação de consumo. Foi o fim do ciclo de crescimento pós-crise.
O segundo trimestre já foi afetado pela retirada dos estímulos fiscais, o início dos efeitos do aperto monetário.
Apesar da redução do ritmo de crescimento de consumo das famílias, a produção industrial e os investimentos ainda mantiveram bom desempenho, com crescimento de 3,6% e 3,9% respectivamente.
No terceiro e quarto trimestre houve a reversão. A taxa média de crescimento do PIB caiu de 1,9% no primeiro trimestre para meros 0,6%, forçada especialmente pela indústria, que registrou perda de 0,9%.
Parte da redução do crescimento do PIB se deveu ao efeito estatístico – como o PIB reflete a variação da economia em relação ao período anterior, se a base de comparação é alta, o efeito estatístico é menor no período seguinte.
Mas o principal fator de redução foi a indústria de transformação que acumulou queda de 0,7% nos dois últimos trimestre; a construção civil, cujo crescimento caiu de 1,2% no primeiro trimestre para 0,8% e 0,2% nos dois trimestres seguintes.
Aí entra em jogo o fator câmbio. Na medida em que a economia mundial esfriava, o mercado interno brasileiro tornou-se alvo preferencial da produção de outros países. Com o câmbio jogando contra, houve uma invasão de importados, impedindo que o crescimento do mercado interno de consumo irrigasse a produção interna. Esse movimento se deu principalmente na importação de insumos.
Comparando o faturamento real da indústria de transformado (medido pela Confederação Nacional da Indústria) e a evolução da produção física (medida na pesquisa PIM-PF do IBGE), percebe-se que a partir do segundo semestre de 2010 ocorre um descolamento: cresce o faturamento real da indústria enquanto a produção permanece estagnada.
Os analistas que não acreditam na chamada desindustrialização olham apenas a curva de faturamento. Comparando as duas percebe-se que as indústrias cada vez mais tornam-se importadoras de insumos, empobrecendo toda a cadeia produtiva do setor.
Pode-se manter esse jogo por algum tempo. Mas uma hora a casa cai.
Crescimento dos importados
O crescimento dos importados ocorreu em todas as categorias de uso. No setor de bens de consumo duráveis, as importações aumentaram 34% nos primeiros oito meses de 2011, contra 2% na produção doméstica. Em bens intermediários, importações aumentando 10,4% contra 0,6% de aumento na produção interna. Na produção de bens de capital, crescimento das importações de 19,7% contra aumento de 6,9% na produção interna.
O aperto monetário
Em dezembro de 2010 o Banco Central adotou as chamadas medidas macroprudenciais – basicamente enxugando dinheiro da economia e restringindo o crédito. Segundo o trabalho, os efeitos dos mecanismos de transmissão de crédito levam de 6 a 9 meses para se completarem. Antes que o ciclo se completasse, o BC aumentou os juros e o governo deu início a um aperto fiscal. Muita medida de restrição tomada ao mesmo tempo.
Ajuste nos estoques
O trabalho identifica acúmulo de estoques na indústria. Setores relevantes, como o automobilístico, decretaram férias coletivas para desovar estoques. O ajuste tem um impacto maior em um primeiro momento. Uma indústria vende 100 e mantém 200 de estoques.
Todo mês, compra 100 para repor. Se as vendas caem, digamos, para 90 os estoques cairão para 180. Então no primeiro mês de ajuste o impacto da redução de compras será em dobro.
Fonte: DIAP https://credit-n.ru/order/debitovaya-karta-alfa-tanks.html https://credit-n.ru/informacija/strahovanie-vkladov/banky-strahovka.html https://credit-n.ru/zaymi-online-blog-single.html